Quando a injustiça prevalece…

Fala, pessoal. Estava tudo certo para “um ano sabático” do Blog F1 Ácida, apesar da regular interação nas redes sociais. Não há posts desde o ano passado. Contudo, depois do incidente de ontem, resolvi escrever algumas linhas e ponderarei se haverá continuidade para as próximas etapas do campeonato. Vamos ao que interessa…

Numa corrida cheia de incidentes em Baku, como já era previsto, a situação que mais chamou atenção foi a que envolveu Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, justamente os dois que disputam o título. O alemão colidiu na traseira do piloto da Mercedes e, por estar insatisfeito com o ritmo de relargada do rival, crendo numa suposta freada brusca (break-test) intencional, emparelhou seu carro e, deliberadamente, o jogou na lateral de Lewis.

Particularmente, classifico tal manobra como ultrajante.

Talvez, por ter como exemplo outro alemão multicampeão da categoria, Sebastian Vettel tenha se comportado de tal maneira. Deplorável. Schumacher o fez, mais de uma vez inclusive, porém quando se estava em jogo o título e durante a corrida valendo. Vettel o fez durante um safety car, pondo em risco a integridade física de um colega, quando não havia nada em jogo, o que me parece ser pior. Para os poucos que não sabem, safety significa justamente segurança.

Pois bem. Tudo isso foi amplamente divulgado e assistido pelo público. A FIA teve todo o tempo necessário para realizar o julgamento, mas quando o incidente envolve as grandes equipes, ainda mais quando os pilotos são justamente os que concorrem ao título, parece que é preciso muito mais tempo do que o normal para a tomada de decisões, o que é, no mínimo, curioso.

A corrida havia sido temporariamente interrompida (Bandeira Vermelha). A punição a Vettel (10 segundos/stop and go) veio não só após o reinício da corrida, mas depois de o inglês precisar parar para ajustar seu apoio de cabeça, este um erro primário da Mercedes, diga-se. Além disso, Vettel teve anotado três pontos em sua super licença e está a três de receber a punição de uma corrida de suspensão.

Contudo, pergunta-se, a punição aplicada foi justa?

A resposta é simples: Não!

Digo isso não só pelo fato de Vettel ter conseguido ficar à frente de Hamilton, mas porque a única punição possível para aquele incidente era a desclassificação do piloto da Ferrari. Não se tratava apenas de uma colisão, cuja penalidade, em regra, é sopesada a partir da análise da culpa do piloto no incidente. Em Baku, os comissários tinham de ter feito a diferenciação, frequentemente utilizada no mundo do Direito entre dolo e culpa. Não havia disputa por posição e Vettel, deliberadamente, jogou o carro em cima do colega. Tratou-se, portanto, de verdadeira agressão e não de uma simples colisão causada por negligência ou imprudência.

Não bastasse a punição injusta, os comissários voltaram a cometer o mesmo equívoco de anos passados. Apesar de prometer decisões mais rápidas, houve muita demora em sua tomada e, como já mencionado acima, ela só veio após Hamilton ser obrigado a ir aos boxes por medida de segurança. Assim, Vettel permaneceu à frente. Uma completa injustiça.

O episódio de ontem me fez lembrar Valência 2010. Todavia, naquele já longínquo ano, os envolvidos eram Hamilton e Alonso. Para quem não se lembra, o inglês ultrapassou o safety car, enquanto espanhol obedeceu às regras e permaneceu atrás. Os comissários demoraram a tomar a decisão, Lewis, que era líder do campeonato naquele momento, se beneficiou disso e quando foi punido já tinha vantagem suficiente para voltar à frente do velho rival. Hamilton chegou em 4º seguido do espanhol. Uma diferença de 03 (três) importantes pontos para o campeonato, mas que, levando em conta apenas aquela corrida, não seriam suficientes para Alonso, já que a diferença para Vettel, no fim, foi de quatro.


(Hamilton ultrapassa Safety Car em 2010).

Ontem houve o inverso. Vettel, beneficiado duplamente (pela demora da punição e por sua brandura), foi quem chegou na quarta colocação e Lewis em quinto. Novamente os três pontos de diferença. Contudo, diferentemente de 2010, ano em que quatro pilotos disputaram o título, apenas eles dois estarão na briga em 2017.

Ainda faltam 12 etapas, ou seja, mais da metade da temporada. Atualmente, a diferença do líder, Vettel, e vice, Hamilton é de 14 (quatorze) pontos. Para retomar a liderança, num cenário em que o alemão chegue em segundo e Hamilton vença consecutivamente, serão necessárias três corridas… Bela vantagem, levando-se em conta as inúmeras possibilidades, inclusive as favoráveis ao tetracampeão…

Se fosse para apostar em quem se sagrará campeão ao fim do ano, depositaria minhas fichas em Hamilton. Apesar do resultado ruim ontem, o inglês se disse satisfeito por conta do desempenho mostrado pela Mercedes. De fato, a equipe alemã parece ter resolvido parte de seus problemas de aquecimento de pneus e é possível que volte a exercer o velho domínio de temporadas anteriores ainda não visto esse ano.

Entretanto, tudo ainda é uma incógnita. Obviamente, há a possibilidade de a Ferrari trazer atualizações capazes de reverter o quadro, embora o histórico de evolução do carro durante a temporada não favoreça. De toda forma, a Ferrari não era uma aposta no início do campeonato e surpreendeu a todos.

Caso Vettel consiga vencer esta temporada, espero que o faça com uma margem superior a três pontos. Abaixo disso, será um resultado extremamente injusto…

P.s: Em tempo, parabéns a Lance Stroll. O estreante canadense, tão criticado, conseguiu seu primeiro pódio, tornando o mais jovem piloto a conseguir tal feito.

Ainda há muito a provar, verdade. Mas nada como um dia após o outro…

26/06/2017.

Hamilton injusto com Rosberg!

Quem diria… Ainda no início da temporada fiz um texto indagando acerca do papel que Nico Rosberg exerceria este ano (http://tinyurl.com/jo63u8y). E o piloto alemão nunca esteve tão próximo de se tornar o grande protagonista. Contudo, apesar de faltarem apenas 03 etapas, a caminhada parece não ser tão curta.

A atual temporada tem sido mais um ano de domínio da equipe Mercedes. Todos os méritos para uma escuderia extremamente competente. Ela não tem culpa da falta de competitividade das concorrentes, que não foram capazes de acompanhar o desenvolvimento do time alemão, embora seja o terceiro ano da era dos motores híbridos.

Quanto ao drivers championship, parece ser consenso o fato de Nico Rosberg ter evoluído como piloto. Já são 04 anos dividindo a equipe com Hamilton e nos três primeiros ele nunca foi capaz de bater seu companheiro ao fim da temporada. Nos últimos dois, a derrota interna também significou a perda do título mundial. Se em 2014 a decisão ficou para a última corrida, em 2015 Lewis conquistou o título no Grande Prêmio dos EUA, ou seja, antecipadamente.

É na atual temporada que as coisas parecem ter mudado um pouco de direção. Rosberg nunca se aproximou tanto do primeiro título como este ano. A três corridas do fim do campeonato, ele chega ao GP do México com chances de já sagrar-se campeão. Algo inédito desde então. Não obstante, Hamilton atribui tal fato puramente à sorte. De acordo com o tricampeão, ela mudou de lado. Em matéria do site Skysports, quando questionado se Rosberg havia mudado em relação aos anos anteriores, Lewis foi enfático:

Não, eu tive muitas quebras. É a única diferença. Se nossos carros fossem confiáveis durante o ano inteiro, nós teríamos as mesmas batalhas que tivemos ano passado e no anterior, então não vejo qualquer diferença“.

Bem, permita-me discordar, ao menos em parte. Logicamente, se o carro de Hamilton não tivesse problemas de confiabilidade, talvez ( e somente talvez), o números do campeonato fossem outros. Contudo, os infortúnios do tricampeão não podem ser atribuídos somente à sorte, ou, no caso, à falta dela. É preciso lembrá-lo pelo menos de 06 ocasiões, cujos maus resultados não podem ser ligados diretamente ao carro. Em outras palavras Hamilton teve grande parcela de culpa.

São elas:

Austrália, Bahrein e Itália: Hamilton fez a pole, porém largou mal, consequentemente perdeu posições. Todas vencidas por Rosberg.

Grande Prêmio da Europa: Hamilton comete erro grosseiro, bate durante o Q3 e larga em décimo. Mais uma vitória do alemão.

Cingapura e Japão: Hamilton classificou em terceiro nas duas etapas. Rosberg fez a pole e venceu ambas.

Quando comparados individualmente, a reposta será quase unanimidade: Lewis Hamilton é um melhor piloto do que Nico Rosberg. Eu concordo. É o que ele tem mostrado durante esses anos. Contudo, afirmar que um possível título de seu companheiro será devido única e exclusivamente a fatores mecânicos soa não só injusto como descortês.

Como já afirmado em posts anteriores, Rosberg tem feito um belíssimo trabalho durante esses anos na Mercedes. Apesar das derrotas nas temporadas anteriores, no geral ele tem acompanhado o inglês de muito perto. Desde Senna e Prost, creio que seja a batalha interna mais acirrada dos últimos tempos.

Confesso que estou surpreso com tal declaração. Esse discurso não é só de perdedor, mas de mau perdedor. Teria Hamilton entregado os pontos? Óbvio que não. E até onde consta, apesar da ótima vantagem do alemão, esse campeonato encontra-se inteiramente aberto.

Para azar de Rosberg, apesar das bobagens ditas e alguns comportamentos inadequados, dentro do cockpit Hamilton continua rápido e vai lutar pelo quarto título até quando for possível. Ótimo. Quem ganha somos nós.

É mais um ano de domínio da Mercedes, mas com o passar do tempo, 2016 será lembrada como uma temporada épica.

29/10/16.

Verstappen, the flying dutch, em dia memorável!

Se a justificativa da chegada de Verstappen à equipe RBR foi controversa, os fins justificaram os meios. O Holandês, de apenas 18 anos conseguiu o maior dos resultados possíveis em sua estreia pela equipe austríaca: vencer o grande prêmio de Barcelona. Com tal feito, Max estabeleceu novo recorde ao tornar-se o piloto mais jovem a vencer uma corrida de F1.

Tal resultado era improvável e o próprio Verstappen pretendia apenas um pódio. Além da Mercedes ocupar a primeira fila, Max ainda tinha Daniel Ricciardo à sua frente. E Na sequência, os pilotos da Ferrari em busca de bons resultados para aliviar a pressão interna imposta por Marchionne. Se na teoria a probabilidade era mínima, na prática todas as combinações aconteceram para que a estrela de Verstappen pudesse brilhar.

Gosto da champagne na F1.

Gosto da champagne na F1.

O incidente entre Hamilton e Rosberg (que será analisado oportunamente) foi só o primeiro dos acontecimentos que possibilitaram a primeira vitória de Verstappen. Depois disso, Ricciardo e Vettel duelaram, em vão, pois no fim a disputa era apenas pelo terceiro lugar, já que as estratégias adotadas mostraram-se equivocadas. Some-se isso a a um circuito de poucos pontos de ultrapassagem.

Ao assumir a ponta, Max administrou bem o consumo de pneus e resistiu aos ataques não tão incisivos de Kimi Raikkonen… No fim do dia, Verstappen foi o grande vencedor. Ocupou o lugar mais alto do pódio. Parabéns!!!

A nós só resta contemplar esse que foi um grande feito. Agora a contagem é para a segunda vitória. Será que ainda vem nesta temporada?!

Improvável… Assim como a de hoje…

15/05/16.

RBR e sua postura questionável!

Semana passada, particularmente, recebi a notícia da troca de pilotos entre a Red Bull Racing e Scuderia Toro Rosso com certa surpresa. Não só com a mudança em si, mas, principalmente, pelos motivos apresentados.

Segue abaixo o pronunciamento oficial da RBR feito por Christian Horner:

Max tem provado ser um excepcional jovem talento. Sua performance na Toro Rosso tem sido impressionante até aqui e nós estamos contentes em dar a ele uma oportunidade para guiar pela Red Bull Racing. Nós estamos em uma posição única de ter todos os quatro pilotos da Red Bull Racing e Toro Rosso sob contratos de longo prazo com a Red Bull, então temos flexibilidade de movê-los entre as equipes. Dany (Kvyat) poderá continuar seu desenvolvimento na Toro Rosso, em uma equipe que ele tem familiaridade, dando-lhe a chance de recuperar sua forma e mostrar seu potencial“.

Estamos partindo para a quinta de vinte e uma etapas do campeonato (GP da Espanha), portanto no início daquela que será a temporada mais longa a história da Fórmula 1. Verstappen, que de fato parece ter um grande talento, mas longe de ser um piloto pronto, teve belas performances ano passado. Todavia, não deixou de cometer alguns erros típicos de quem está iniciando e não controla seu ímpeto.

Kvyat dar lugar a Verstappen na RBR.

Kvyat dar lugar a Verstappen na RBR.

Por outro lado, Kvyat, apesar de não ter mostrado ainda sinais de genialidade, ano passado conseguiu ficar à frente de seu companheiro de equipe, o ótimo piloto Daniel Ricciardo, e esteve no último pódio conquistado pela RBR no GP da China, corrida que antecedeu à da Russia na temporada atual. Importante ressaltar que, em 2015, embora Ricciardo tenha abandonado em três corridas e Kvyat em duas, o russo sequer largou no grande GP da Austrália. Logo, tal fator não deve ser levado em consideração quanto à vitória interna de Kvyat naquele ano.

Ademais, os incidentes entre Kvyat e Vettel não podem ser justificativa para a mudança de pilotos. Se na China as reclamações do alemão foram infundadas, há consenso de que o piloto russo teve culpa apenas no primeiro toque, durante a largada no GP de Sochi, por mais absurda que a segunda colisão tenha parecido num primeiro momento…

Não sei quem é mais ingênuo. Aqueles que acreditam na justificativa da Red Bull ou a própria equipe ao achar que tais argumentos seriam tidos como verdadeiros. Como dito acima, embora tenha ficado surpreso com a postura da equipe austríaca, isso não deveria acontecer. Os torcedores – eu inclusive – são em sua maior parte movidos pela paixão. Todavia, a Fórmula 1 também é um negócio e o interesse financeiro certamente prevalecerá.

Kvyat, hoje, sem motivos para sorrir.

Kvyat, hoje, sem motivos para sorrir.

A manobra da Red Bull, como já é sabido por todos, foi apenas para blindar o promissor Verstappen dos assédios de Ferrari e Mercedes. Se as justificativas apresentadas pela RBR fossem verdadeiras, é válido questionar por qual razão o holandês não já iniciou a atual temporada como titular, pois nesta ainda não repetiu as performances que, em certos momentos, chegaram a encantar os telespectadores.

Não precisamos ir muito longe. Para quem não se recorda, na primeira corrida do ano, Max Verstappen também colidiu com seu companheiro de equipe Carlos Sainz Jr. Tal fato só demonstra que a justificativa da RBR é contraditória. Segue abaixo o vídeo do incidente:

Com o passar do tempo, percebe-se que os princípios e filosofia adotados pela Red Bull Racing não são tão diferentes das demais equipes da categoria. Há muita expectativa para o desenrolar da situação. Óbvio que Verstappen pode aproveitar muito bem a oportunidade concedida. Contudo, há também a possibilidade de um cenário em que Max, embora aparente ter um futuro promissor, cause incidentes e Kvyat apresente boas performances e recupere a suposta forma perdida, como argumentado pela RBR.

Caso a última hipótese se confirme, haverá uma nova troca? Creio que não. Lamentavelmente, transparência e coerência nunca foram o forte da Fórmula 1. Pergunte a Bernie…

09/05/16.

Principal, coadjuvante ou vilão. Qual será o papel de Nico Rosberg em 2016?

Fala, pessoal…

Já faz um tempo, hein? 2015 não foi um ano muito ativo para o blog, mas tentarei fazer um 2016 diferente. Vamos ao que interessa…

Circunstâncias imprevistas – naturais quando se trata de corridas de automóvel, mas que nem sempre acontecem – tornaram o Grande Prêmio da Austrália interessante. A má largada de Hamilton, seguida da ótima de Vettel e a colisão envolvendo Gutierrez e Alonso trataram de trazer emoção ao GP. A vantagem construída por Vettel foi eliminada com a bandeira vermelha e por conta de um erro primário de estratégia da equipe italiana. Isso, somado à incompetência de Vettel que não ultrapassou Hamilton, mesmo estando com pneus melhores no fim da corrida, possibilitou a dobradinha da equipe Mercedes.

Está claro. Mercedes ainda à frente, como supunha-se e a Ferrari ligeiramente mais próxima. Apesar da vantagem alemã ter diminuído, para sagrar-se vencedora ao fim do ano, a Ferrari terá que trazer atualizações eficientes durante o decorrer da temporada. Algo não visto há um bom tempo. Mas isso é assunto para os próximos capítulos…

Em relação ao resultado da corrida, confesso que fiquei surpreso. Não esperava que Rosberg fosse ser o vencedor. Particularmente, imaginei um passeio do inglês. Pensei comigo: será outra temporada igual às duas anteriores. Bem, essa ainda é uma possibilidade e talvez a mais provável. Porém, se a Ferrari continuar com desempenho semelhante ou consiga melhorar, poderemos ter uma temporada bem interessante e Nico pode ter papel importantíssimo, quiçá surpreendente.

Nas duas últimas temporadas ele foi o coadjuvante. Fez um ótimo campeonato em 2014 e o título só foi decidido em Abu Dhabi, naquela corrida de final dramático. No ano seguinte, ele foi incapaz de acompanhar Hamilton, apesar de ter terminado muito bem. Entretanto, a equipe teve grande influência nesse ponto. A partir do momento em que o inglês assegurou seu terceiro título, ficou claro que o foco da Mercedes havia mudado. Lewis foi praticamente impedido de disputar a vitória nas demais corridas. A prioridade dada a Rosberg era velada, mas perceptível por conta da escolha de estratégias diferentes para seus pilotos. Todavia, naquele momento, uma conduta mais do que compreensível da equipe alemã. Ademais, a postura “baladeira” do inglês não estava agradando, pode ter sido um aviso a ele, mas num momento bem conveniente. Enfim…

Disputa ao longo da temporada?

Disputa ao longo da temporada?

o papel de vilão, mais improvável, se daria caso a disputa ficasse entre Hamilton/Vettel e Rosberg assumisse a postura de não ajudar seu companheiro. Esta possibilidade, na qual deixo claro não crer, não seria tão nova para o alemão da Mercedes. Naquela ocasião a disputa era direta, mas Nico recebeu tal rótulo após o incidente de SPA em 2014. Inúmeras foram as vezes que recebeu vaias durante as solenidades de pódio nas corridas que se seguiram. Contudo, é muito improvável que deixe de ajudar Hamilton, caso não esteja na luta pelo campeonato.

Por fim, o mais desejado: o papel principal. Para assumi-lo, Rosberg terá de se reinventar, fazer algo que não fez nas últimas duas temporadas. Primeiramente terá de vencer a disputa interna. Ele já venceu algumas batalhas, mas nunca o suficiente para ganhar a guerra. A conquista da primeira etapa do ano foi apenas o primeiro, mas quem sabe um grande passo.

Ainda na primeira metade de 2014, Hamilton afirmou que tinha mais fome de título. É hora de mostrar que o inglês está equivocado. Desculpar-se por ter jogado duro na largada, ainda que não tenha sido a intenção, não é compatível com a postura de quem quer ser campeão. Quantas vezes Hamilton desculpou-se em 2015? Não me recordo… Infelizmente o campeão precisa ser mau em algumas/várias ocasiões.

Se o diabo mora nos detalhes, na Fórmula 1 esse ditado, inclusive de origem alemã, ganha ainda mais força. Num esporte de tão alta performance, tudo é levado em consideração. Chances não poderão ser desperdiçadas. Um, dois décimos de segundo é o suficiente para separar o campeão do restante. A diferença de performance entre os pilotos da Mercedes não é tão grande. Hamilton pode ser um piloto melhor, mas não é imbatível.

Em Melbourne, o nº 2 da Mercedes foi o que mais beneficiou-se das circunstâncias. Hamilton largou mal, Kimi abandonou, a Ferrari errou a estratégia e pela disputa da segunda colocação Vettel não conseguiu ultrapassar Lewis, apesar de estar em melhores condições naquele momento. Com a Ferrari próxima, o alemão que guia pela escuderia italiana deve embaralhar a disputa. Além de desejar bastante, Rosberg terá de tirar proveito dessa circunstância.

E se a disputa for realmente apertada, logo Toto Wolff mudará esse discurso de liberdade dos pilotos. Alguém será priorizado. Hamilton é o nº 1 por inúmeras razões (talento, investidores etc), mas não podemos dizer que ele não merece.

Não há segredo, Rosberg terá de fazer por merecer…

22/03/2016.

Brincadeira de mau gosto sobre a morte de Senna circula na WEB.

Fala, pessoal! Quebrando um pouco o silêncio do blog para tratar de assunto não muito legal…

Ontem à noite um amigo enviou-me um vídeo e perguntou minha opinião acerca do conteúdo. Tal arquivo relata uma possível causa da morte de Senna. Comecei a assisti-lo atentamente, pois pensava que o tema seria abordado de forma séria, principalmente dando enfoque à possibilidade de a colisão ter acontecido por conta de um mal súbito, hipótese que, embora tivesse certa plausibilidade à época, já foi refutada. Entretanto, ao final, o vídeo afirma que Ayrton teria sido assassinado.

Imediatamente minha reação foi de total repúdio ao idealizador do vídeo. A hipótese nele ventilada é de uma inconsistência sem tamanho. Não sei por qual motivo ainda me surpreendo com a pequenez do ser humano. Às vezes é difícil de imaginar o que as pessoas, por pouquíssimos minutos de fama, são capazes de fazer. E este indivíduo está conseguindo seu objetivo. Bem verdade que o vídeo não foi explorado pela grande mídia, todavia a quantidade de acessos nas redes sociais já é considerável.

sennapensativo

Fiz uma pequena pesquisa sobre o tema e vi que o site e-farsas.com, cujo objetivo é tentar desmascarar mentiras propagadas na rede, já tinha abordado o assunto de maneira bem didática. Para quem ainda não viu a matéria, segue o link: http://tinyurl.com/p25smep.

Apenas a título de informação, é válido lembrar que a morte do brasileiro foi seguida de uma minuciosa investigação, que inclusive levou o renomado projetista Adrian Newey, atualmente na Red Bull, a julgamento, no qual o britânico foi considerado inocente.

Lamento profundamente que alguém perca seu tempo para tratar de um assunto sério e de grande pesar de uma maneira tão baixa. Verdadeira falta de respeito não só com seu grande número de fãs, mas principalmente com os familiares, que certamente irão se deparar com tamanho absurdo…

Na verdade, tal comportamento é uma verdadeira falta do que fazer…

Até breve!

18/11/15.

Bela e merecida homenagem feita a Fernando Alonso!

No último fim de semana, Fernando Alonso completou seu GP de número 250! Para quem ainda não viu, segue abaixo o vídeo feito pelos integrantes da F1, em homenagem ao espanhol!

Convenhamos, ainda que você não seja fã dele, a categoria fica muito mais interessante quando Alonso está na briga!

16/10/15.

Kvyat: Da apreensão à esperança.

Fala, pessoal!

Já faz algum tempo que não escrevo nada para o blog, apesar de estar ativo nas redes sociais, principalmente no twitter. Praticamente dois meses sem posts, é um recorde do qual não me orgulho. Por motivos pessoais, não pude me dedicar o quanto queria a este espaço. A última vez foi após o GP da Hungria. De lá pra cá já se passaram três corridas: Bélgica, Itália e Singapura. Mas convenhamos, não foram das mais animadoras…

Em Spa, o que mais chamou atenção foi a estratégia equivocada da Ferrari ao permitir Vettel andar bem mais do que o recomendado e a postura de ambos (piloto e equipe) em relação à Pirelli. Por sua vez, no lendário circuito de Monza o que mais trouxe “emoção” foi a forma incompetente como os comissários trataram o problema da alteração pressão dos pneus de Hamilton. Para o bem da F1, a vitória foi mantida. Não que eu seja a favor do não cumprimento das regras, mas por conta da forma como a investigação foi conduzida. Uma vitória da Ferrari em Monza no “tapetão” também não cairia bem. Por último, em Marina Bay nem a presença certa do Safety Car foi capaz de agitar a corrida. Foi o GP de Cingapura mais sem emoção – assim como o GP de Monza – desde sua estreia em 2008.

Parece-me que, por conta das alterações que os carros sofreram este ano, voltamos ao velho problema de turbulência e desgaste excessivo dos pneus, quando há perseguições de perto. Se a vantagem não for muito grande, os pilotos têm abdicado de tentar ultrapassar para poupar o equipamento e não comprometer a estratégia. Resultado? As corridas voltaram a ser “procissões”. Algo parecido com o que acontecia em 2010, porém este ano o artificialismo do DRS não tem sido suficiente.

Outro assunto que merecia ter sido discutido foi a inexplicável falta de performance da Mercedes em Singapura. Inexplicável, pois este foi simplesmente o tom do time alemão. Não raro as equipes subestimam a inteligência de seus fãs. Logo na Fórmula 1, categoria na qual a precisão de dados é algo que fascina, nenhuma explicação foi dada. Logo após a contestada vitória de Hamilton em Monza, a Mercedes estranhamente apresentou um rendimento que não seria capaz de proporcionar sequer um pódio. Parece utopia querer transparência…

Kvyat erra e capota.

Kvyat erra e capota durante o treino.

Agora é chegada a vez de Suzuka, palco de inúmeras “finais” de temporada. Provavelmente a pista que mais presenciou decisões de títulos. Hoje, porém, é a 14ª etapa de um campeonato com 19 corridas, por isso vai ser difícil ver o GP do Japão voltar a ser uma etapa decisiva, como um dia já foi. Embora seja um circuito travado, tenho esperança de que (pelo menos em parte, principalmente no início) tenhamos uma corrida animada.

Como viram, quando o Q3 estava se encerrando, Kvyat sofreu um forte acidente. Por sorte, saiu ileso. Mesmo ele falando no rádio, fiquei apreensivo até o momento em que levantou-se e saiu andando como se nada tivesse acontecido. As últimas lembranças de Suzuka não são das melhores…

O acidente acabou provocando uma bandeira vermelha a qual impediu uma segunda tentativa de volta rápida, impossibilitando Lewis Hamilton de conseguir sua 12ª pole position na temporada. Nico Rosberg largará na ponta. Além disso, nas terceira e quarta filas teremos pilotos da Williams e Ferrari de forma alternada. Some-se ainda os fatos do arrojado Max Verstappen ter sofrido uma punição de três posições por ter estacionado em loca perigoso durante o Q1 e Kvyat largar do pit-lane, pois seu carro trocou de chassi. Na teoria, ingredientes para um grande prêmio bem movimentado.

Enfim, que Suzuka nos proporcione as velhas e boas corridas…

26/09/15.

GP da Hungria expõe velhas fraquezas de Hamilton.

Quem diria?! O travado GP da Hungria foi totalmente atípico, parecia mais a corrida do Bahrein de tão movimentado. Nenhum carro da Mercedes dentro da festa, Vettel conseguiu sua segunda vitória pela Ferrari, Kvyat o primeiro pódio da carreira e Ricciardo chegou em terceiro, apesar de ter vislumbrado o primeiro lugar por um momento. Destaque para o quinto lugar de Fernando Alonso, pasme, à frente de Lewis Hamilton.

Bem, não vou fazer um resumo de todo o GP. Às vezes o faço, mas não é bem o propósito deste espaço. Dito isso, vamos ao que importa. O que mais me chamou atenção nesta corrida? Simples: a performance de Lewis Hamilton! Seus fãs mais apaixonados dirão que ele fez uma bela corrida, pois sua recuperação foi fantástica. Certamente, essa não é a minha visão.

Logo na largada o inglês perdeu três posições. Em seguida, ainda na primeira volta, tentou ultrapassar Rosberg onde, frise-se, não havia espaço. Como consequência caiu para décimo. Nessa manobra, por um triz não ficou de fora da corrida. Penou para ultrapassar Felipe Massa num circuito que em nada favorecia aos carros da Williams. Foi considerado culpado pelo incidente com Ricciardo. Esqueci algo? Terminou a corrida em sexto lugar e, no fim das contas, foi beneficiado pela colisão que aconteceu entre o australiano da Red Bull e Nico Rosberg que brigavam pela segunda posição.

Por pouco não abandona a prova.

Hamilton passeia pela brita.

Como Hamilton, ao final do dia, teve os prejuízos diminuídos para o campeonato – na verdade houve lucro -, seus erros não ficaram tanto em evidência. O mesmo aconteceu em Silverstone. Apesar da tentativa frustrada de ultrapassar Massa na Inglaterra após a saída do Safety Car, a vitória mascarou mais um erro. Como na Hungria houve uma sucessão de falhas, comecei a questionar se realmente ele havia amadurecido.

Muito embora seja um piloto de raro talento e extremamente rápido, sua inteligência e equilíbrio emocional são questionados desde 2007. Quem não se recorda daqueles erros primários nos GPs da China e Brasil? Este último, de tão crasso que foi, deu margem a teorias conspiratórias… Mesmo no ano seguinte, que marcou o seu primeiro título, houve alguns equívocos durante a temporada. E nunca é demais lembrar que ele só conseguiu o campeonato na última curva do circuito de Interlagos, para a eterna lamentação de muitos brasileiros.

Em 2010, quando voltou a ter um carro competitivo, jogou a disputa pelo título fora por conta dos erros cometidos em Monza e Cingapura. No ano de 2012, a lembrança que me vem à memória foi aquela colisão com Maldonado em Valência. Já na temporada que marcou a conquista do bicampeonato, ele conseguiu reverter situações de desvantagem, o que também mascarou algumas falhas ocorridas durante o ano… O mesmo deve acontecer neste campeonato, já que dificilmente ele não conseguirá o terceiro título. Neste post de 2014 há dois vídeos que mostram alguns erros do passado (http://wp.me/p4f3dZ-aj). Abaixo veja o episódio do GP do Brasil em 2007, ano de estreia do inglês.

Como mencionado acima, tendo em vista os recentes episódios, ficam algumas questões. Assim como em 2014, nesta temporada o bicampeão inglês dispõe do melhor carro do grid. A vantagem do F1 W06 Hybrid em relação a seus concorrentes é abissal. Tenho afirmado em posts anteriores que Lewis tem se apresentado mais maduro, equilibrado e forte mentalmente. Mas essa é uma percepção verdadeira ou apenas fruto de não se encontrar diante de circunstâncias de maior adversidade? Atualmente seu único concorrente é Nico Rosberg. É verdade que o alemão não lhe facilita as coisas, todavia é diferente quando os desafios são impostos por pilotos de outras escuderias. As dificuldades são maiores. Nas disputas internas, queiram ou não, o respeito tende a ser maior.

Estes dois últimos grandes prêmios nos trouxeram de volta o velho Hamilton: afoito e inconsequente. Graças à superioridade da Mercedes, ele foi capaz de conseguir uma grande recuperação e deverá sagrar-se tri ao final da temporada. Caso a equipe alemã tivesse concorrentes à altura durante toda a temporada (e não só eventualmente), poderíamos ver a verdadeira evolução do inglês.

Numa Fórmula 1 em que o desempenho do carro praticamente dita o vencedor – e tem sido assim desde os primórdios, porém atualmente isso é mais acentuado – devemos nos apegar a estas sutilezas na hora de comparar pilotos e saber o lugar que cada um ocupa numa disputa “peso por peso”, por assim dizer.

Não tenho dúvida, Hamilton é um grande talento. Entretanto, ele ainda tem algo a provar.

27/07/15.

Descanse em paz, Jules Bianchi!

Ontem, ao chegar em casa, fui surpreendido com a péssima notícia de que o jovem Bianchi não havia resistido, apesar da luta por sua vida durante nove meses. Ele não teve tempo de mostrar todo o seu talento na categoria principal do automobilismo, mas seu carisma já havia conquistado muitos fãs.

Sua passagem entre nós foi curta, é verdade, mas o suficiente para causar comoção àqueles que acompanham a F1. Embora francês, por ser piloto da academia Ferrari, Bianchi era tido como certo na escuderia italiana… Enfim, fomos privados de vê-lo alcançar seu ápice.

Não vou me alongar ou fazer suposições acerca de sua carreira. A culpa de quem? Pouco importa… Hoje isso tudo não passa de tolice… Lamentavelmente, ele partiu. Desejo força a seus pais e familiares. Acredito que seja uma dor sem tamanho.

Deixo abaixo um vídeo do canal VideoFormula1 feito após o acidente, uma singela homenagem…

Descanse em paz, Jules Bianchi!

18/07/15.