Quando a injustiça prevalece…

Fala, pessoal. Estava tudo certo para “um ano sabático” do Blog F1 Ácida, apesar da regular interação nas redes sociais. Não há posts desde o ano passado. Contudo, depois do incidente de ontem, resolvi escrever algumas linhas e ponderarei se haverá continuidade para as próximas etapas do campeonato. Vamos ao que interessa…

Numa corrida cheia de incidentes em Baku, como já era previsto, a situação que mais chamou atenção foi a que envolveu Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, justamente os dois que disputam o título. O alemão colidiu na traseira do piloto da Mercedes e, por estar insatisfeito com o ritmo de relargada do rival, crendo numa suposta freada brusca (break-test) intencional, emparelhou seu carro e, deliberadamente, o jogou na lateral de Lewis.

Particularmente, classifico tal manobra como ultrajante.

Talvez, por ter como exemplo outro alemão multicampeão da categoria, Sebastian Vettel tenha se comportado de tal maneira. Deplorável. Schumacher o fez, mais de uma vez inclusive, porém quando se estava em jogo o título e durante a corrida valendo. Vettel o fez durante um safety car, pondo em risco a integridade física de um colega, quando não havia nada em jogo, o que me parece ser pior. Para os poucos que não sabem, safety significa justamente segurança.

Pois bem. Tudo isso foi amplamente divulgado e assistido pelo público. A FIA teve todo o tempo necessário para realizar o julgamento, mas quando o incidente envolve as grandes equipes, ainda mais quando os pilotos são justamente os que concorrem ao título, parece que é preciso muito mais tempo do que o normal para a tomada de decisões, o que é, no mínimo, curioso.

A corrida havia sido temporariamente interrompida (Bandeira Vermelha). A punição a Vettel (10 segundos/stop and go) veio não só após o reinício da corrida, mas depois de o inglês precisar parar para ajustar seu apoio de cabeça, este um erro primário da Mercedes, diga-se. Além disso, Vettel teve anotado três pontos em sua super licença e está a três de receber a punição de uma corrida de suspensão.

Contudo, pergunta-se, a punição aplicada foi justa?

A resposta é simples: Não!

Digo isso não só pelo fato de Vettel ter conseguido ficar à frente de Hamilton, mas porque a única punição possível para aquele incidente era a desclassificação do piloto da Ferrari. Não se tratava apenas de uma colisão, cuja penalidade, em regra, é sopesada a partir da análise da culpa do piloto no incidente. Em Baku, os comissários tinham de ter feito a diferenciação, frequentemente utilizada no mundo do Direito entre dolo e culpa. Não havia disputa por posição e Vettel, deliberadamente, jogou o carro em cima do colega. Tratou-se, portanto, de verdadeira agressão e não de uma simples colisão causada por negligência ou imprudência.

Não bastasse a punição injusta, os comissários voltaram a cometer o mesmo equívoco de anos passados. Apesar de prometer decisões mais rápidas, houve muita demora em sua tomada e, como já mencionado acima, ela só veio após Hamilton ser obrigado a ir aos boxes por medida de segurança. Assim, Vettel permaneceu à frente. Uma completa injustiça.

O episódio de ontem me fez lembrar Valência 2010. Todavia, naquele já longínquo ano, os envolvidos eram Hamilton e Alonso. Para quem não se lembra, o inglês ultrapassou o safety car, enquanto espanhol obedeceu às regras e permaneceu atrás. Os comissários demoraram a tomar a decisão, Lewis, que era líder do campeonato naquele momento, se beneficiou disso e quando foi punido já tinha vantagem suficiente para voltar à frente do velho rival. Hamilton chegou em 4º seguido do espanhol. Uma diferença de 03 (três) importantes pontos para o campeonato, mas que, levando em conta apenas aquela corrida, não seriam suficientes para Alonso, já que a diferença para Vettel, no fim, foi de quatro.


(Hamilton ultrapassa Safety Car em 2010).

Ontem houve o inverso. Vettel, beneficiado duplamente (pela demora da punição e por sua brandura), foi quem chegou na quarta colocação e Lewis em quinto. Novamente os três pontos de diferença. Contudo, diferentemente de 2010, ano em que quatro pilotos disputaram o título, apenas eles dois estarão na briga em 2017.

Ainda faltam 12 etapas, ou seja, mais da metade da temporada. Atualmente, a diferença do líder, Vettel, e vice, Hamilton é de 14 (quatorze) pontos. Para retomar a liderança, num cenário em que o alemão chegue em segundo e Hamilton vença consecutivamente, serão necessárias três corridas… Bela vantagem, levando-se em conta as inúmeras possibilidades, inclusive as favoráveis ao tetracampeão…

Se fosse para apostar em quem se sagrará campeão ao fim do ano, depositaria minhas fichas em Hamilton. Apesar do resultado ruim ontem, o inglês se disse satisfeito por conta do desempenho mostrado pela Mercedes. De fato, a equipe alemã parece ter resolvido parte de seus problemas de aquecimento de pneus e é possível que volte a exercer o velho domínio de temporadas anteriores ainda não visto esse ano.

Entretanto, tudo ainda é uma incógnita. Obviamente, há a possibilidade de a Ferrari trazer atualizações capazes de reverter o quadro, embora o histórico de evolução do carro durante a temporada não favoreça. De toda forma, a Ferrari não era uma aposta no início do campeonato e surpreendeu a todos.

Caso Vettel consiga vencer esta temporada, espero que o faça com uma margem superior a três pontos. Abaixo disso, será um resultado extremamente injusto…

P.s: Em tempo, parabéns a Lance Stroll. O estreante canadense, tão criticado, conseguiu seu primeiro pódio, tornando o mais jovem piloto a conseguir tal feito.

Ainda há muito a provar, verdade. Mas nada como um dia após o outro…

26/06/2017.

Deixe um comentário