Mês: abril 2015

Prévia – GP do Bahrein: Corrida aberta, qual o seu palpite?

Ontem não foi possível fazer um post sobre a classificação, então faço esse de último momento, a poucas horas do início da corrida. Estamos na quarta etapa do campeonato e a hegemonia da Mercedes está em perigo. Embora a Ferrari ainda não esteja no mesmo patamar da equipe alemã, já demonstrou que tem potencial para alcançá-la e vencer corridas é um objetivo palpável.

Na primeira colocação, nenhuma novidade, Hamilton cravou a quarta pole seguida. Eu não me surpreenderia se o inglês quebrasse o recorde de pole positions consecutivas, que ainda pertence a Ayrton Senna com oito. A título de curiosidade, essa foi a primeira de Lewis neste circuito… Entretanto, novamente, todas as atenções se voltam para um certo tetracampeão. Pela segunda vez no ano, Sebastian Vettel conseguiu ficar entre os pilotos da Mercedes.

Ameaça real?

Ameaça real?

A primeira ocasião foi em Sepang, naquela classificação a diferença para Hamilton foi de apenas 74 milésimos, mas na corrida Vettel levou a melhor. Já nesta, a diferença ficou por volta de quatro décimos. Por sua vez, Nico Rosberg conseguiu apenas a terceira colocação, ficando a mais de meio segundo da pole e afirmou que além de ter usado a estratégia equivocada, subestimou seu compatriota. Segundo ele, tentou preservar um pouco os pneus para a corrida, mas a sua vantagem é mínima:

A desvantagem é grande em ser terceiro. Eu tenho melhores pneus, mas é pouco, a diferença não é grande, portanto a terceira colocação não é boa. Eu subestimei a velocidade de Sebastian e também o quanto me custaria aliviar nos pneus durante o Q2, com os quais eu iniciarei a corrida. Eu não tive ritmo e foi onde errei hoje. Sair em segundo seria diminuir o prejuízo, mas em terceiro realmente não é o ideal.”

A Mercedes está atenta à Ferrari. Realizou mudança no set-up de seus carros na sexta-feira, mas a nova configuração não foi totalmente testada. Apesar da imprevisibilidade, Toto Wolff acredita que estão na direção certa, o que consequentemente trará êxito ao final:

Nós corrigimos algumas coisas, olhando para déficit que tivemos na sexta. Mas não tivemos tempo suficiente para testá-las apropriadamente, pois as mesmas condições noturnas não se repetiram. Acredito que fizemos os ajustes certos para colocar o pneu na ‘janela’ correta, mas a verdadeira prova teremos domingo à noite. É arriscado, mas o que fizemos não foi adivinhação. Ter os pneus e set-up nas melhores condições possíveis foi baseado em engenharia, a partir de uma abordagem científica, mas, novamente, domingo à noite veremos

Na Malásia, diante de circunstâncias imprevisíveis, pudemos creditar todo o mérito a Vettel de se classificar em segundo, porém a situação no Bahrein é um pouco diferente. Não que ele não mereça o crédito, provavelmente deve ter feito o seu melhor. Todavia, a diferença de tempo entre Hamilton e Rosberg – 0,5s o que é abissal na F1 – sugere que o alemão da Mercedes tinha plenas condições de ocupar a segunda posição. Óbvio que o tetracampeão não tem nada a ver com o ritmo de treino escolhido por seu compatriota, mas ainda que Vettel largasse em terceiro, suas esperanças de vitória estão depositadas num melhor ritmo de corrida.

Relembre os melhores momentos do Grande Prêmio do Bahrein de 2014. Que corrida!

Confesso que fiquei surpreso com a declaração de Rosberg. Apesar de partir da terceira posição, Nico estará do lado limpo, o que lhe dá certa vantagem, basta que largue bem. Seria algo absolutamente normal se ele assumisse a segunda posição logo na primeira curva. Digo mais, se Vettel conseguir uma boa largada, Hamilton terá que se defender e uma brecha se abriria para que Rosberg assumisse a ponta. Porém, não me lembro de uma largada forte do atual terceiro colocado no mundial de pilotos. Enfim…

Em poucos instantes confirmaremos se o ritmo de corrida da Ferrari é ameaçador. Em caso positivo, a Mercedes terá motivos mais do que suficientes para se preocupar. O circuito de Sahkir é muito exigente e serve de parâmetro para toda a temporada. Os carros que mostram bom desempenho no Bahrein tendem a ir bem nas demais etapas. Tudo ficaria aberto e, como mencionado em post anterior, dependeria da capacidade de desenvolvimento de cada equipe, com a escuderia de Maranello tornando-se uma real ameaça ao título.

Espero que o Grande Prêmio do Bahrein seja, no mínimo, parecido com a corrida do ano passado. Ingredientes não faltam. Embora não haja previsão de chuva, as estratégias adotadas desempenharão um grande papel na definição do vencedor.

Falta pouco! Qual o seu palpite?

19/04/15.

Críticas a Rosberg são injustas!

Durante o grande prêmio da China, que não foi dos mais emocionantes, houve um diálogo interessante entre Nico Rosberg, atualmente terceiro colocado no mundial, e seu engenheiro. O alemão solicitou que Hamilton aumentasse seu ritmo, pois estava preocupado com Vettel.

Já na coletiva, houve um momento de tensão. Rosberg não gostou do que ouviu de Lewis Hamilton, atual líder e provável campeão desta temporada, tamanho é o seu favoritismo novamente.

Não demorou muito e começou a circular nas redes sociais não só piadas chamando Rosberg de chorão, como várias notícias neste sentido, dizendo que Nico estava fazendo papel de coitado, inclusive algumas matérias afirmando que ele havia perdido o pouco respeito que possuía. Outros diziam que ele deveria ter ultrapassado na pista, pois estava mais rápido… Veja abaixo um trecho da entrevista:

Para começo de conversa, em nenhum momento Rosberg solicitou que Hamilton lhe desse passagem. Longe disso. Durante a conversa, ele se mostrou preocupado apenas com sua segunda colocação. Logo, atacar seu companheiro, naquele momento, não era sua prioridade, por razões óbvias e que depois ele mesmo veio a público falar.

O alemão tinha consciência de que a luta pela vitória estava praticamente perdida. Disputando com seu companheiro dispondo de equipamentos iguais e rendimentos muito próximos, sabendo que a Mercedes ainda enfrenta problemas com o desgaste de pneus e que ao aproximar-se de Lewis eles se desintegrariam mais rapidamente, qual seria o sentido em atacá-lo??! Isso apenas o deixaria vulnerável para uma possível investida de Vettel.

Neste ponto, Rosberg agiu com muita inteligência e ele – melhor do que ninguém, por mais presunçosos que alguns sejam – sabe o quão dura é a tarefa de tentar derrotar Hamilton. Nico tem total consciência da superioridade do inglês e trabalha arduamente para diminuir esta desvantagem. A temporada de 2014 que o diga… Estamos apenas na terceira etapa do campeonato. Assegurar o maior número de pontos possíveis é o seu papel, quando a vitória não está ao alcance.

Por outro lado, diferentemente de Rosberg, Hamilton tem muito mais carisma, consequentemente o número de fãs é bem maior. Então quando essa parte das brincadeiras fica a cargo do torcedor, considero absolutamente normal. Mas quando jornalistas apontam o dedo e resumem o alemão a figura de chorão, derrotado ou outro adjetivo do gênero, sem se dar ao trabalho de refletir sobre tais circunstâncias, percebo o quanto estamos em “maus lençóis”.

Indo um pouco mais além, acredito que Hamilton não mediu suas palavras e pode pagar um preço alto por isso. O inglês disse publicamente que não era seu papel “cuidar da corrida de Nico”, mas apenas administrar a dele. Em sua resposta, Rosberg virou-se para o inglês e disse que era muito interessante ouvir aquilo dele. Pareceu ameaça e talvez tenha sido.

(Abaixo um vídeo do GP de Abu Dhabi 2014)

Imaginemos um cenário no qual a Ferrari apresente uma evolução a ponto de ameaçar o título da Mercedes. Com Vettel (quiçá Raikkonen) tornando-se um postulante a vitórias, certamente Lewis terá de rever seu conceito e não tenho dúvidas de que passará a olhar por outro ângulo a corrida de seu companheiro. O maior interesse da equipe deve voltar a fazer parte de sua filosofia, o que seria muito conveniente…

Quem o critica certamente tem memória curta e não lembra a forma honrosa como Rosberg terminou o campeonato do ano passado. Apesar da certeza da derrota e dos supostos problemas que o carro apresentou, preferiu ir até o fim, algo que considerei extremamente honroso.

O inglês é talentoso demais! Ser seu companheiro, por si só, já é uma tarefa ingrata. Perder para ele não é vergonha alguma. Ainda assim, Nico não se dá por vencido. A diferença de tempo da pole position foi mínima em Xangai, salvo engano ficou na casa dos quatro centésimos. Ele tem tentado. O que lhe resta fazer é não se dar por vencido. Como mencionado acima, estamos apenas no início do campeonato…

Todos sabem que o grande favorito ao título é novamente Hamilton. E você acha que logo Rosberg não sabe disso?!

13/04/15.

As vantagens da dupla Vettel e Raikkonen.

Já estamos diante da terceira etapa do campeonato: o GP da China. Pela terceira vez consecutiva, teremos que madrugar para assistir à corrida. E há muita expectativa em torno dela por conta do resultado surpreendente da Ferrari na Malásia.

Se houve erro de estratégia da Mercedes ou não, pouco importa. Em apenas sua segunda corrida, Vettel conseguiu sua primeira vitória pela escuderia italiana. É a realização de um sonho e mostra o quão afortunado é o alemão. Depois de uma temporada para esquecer em 2014, o tetracampeão vence pela equipe em que seu ídolo e compatriota, Michael Schumacher, marcou época.

Por sua vez, seu companheiro Raikkonen conseguiu um quarto lugar, mesmo tendo passado por vários percalços. O finlandês, que também não teve uma temporada fácil no último ano, parece sentir-se confortável guiando o atual carro. Na Malásia, foram dois grandes resultados, os quais mostram quanto o SF15-T foi muito bem concebido pelo competente James Alisson. E isso não é uma “mera coincidência”.

O "nº 1" realmente está de volta?

O “nº 1” realmente está de volta?

Para quem não se lembra, Kimi, que havia deixado a categoria no fim de 2009 para disputar rally, retornou em 2012 como piloto da Lotus. Na sua volta, o campeão de 2007 apresentou performances notáveis para quem estava longe da F1. Naquele ano, Raikkonen ficou em terceiro lugar no mundial, tendo somado um total de 207 pontos.

E quem era o responsável pelo carro da Lotus? O mesmo James Alisson!

O SF15-T mostrou-se bem mais estável que seu antecessor e, como visto em Sepang, causa pouco desgaste nos pneus, o que possibilitou a estratégia de uma parada a menos do que a Mercedes naquela corrida. Tais características casam-se perfeitamente com os estilos semelhantes de pilotagem de Vettel e Raikkonen, algo que talvez não seja visto nas outras duplas do grid.

Amizade na Fórmula 1.

Amizade na Fórmula 1.

Some-se isso ao fato de que os pilotos da Ferrari possuem um ótimo relacionamento. Consideram-se amigos, algo incomum no meio. Veja-se o exemplo de Hamilton e Rosberg, que praticamente cresceram juntos, mas se desentenderam ano passado. Embora os pilotos da Ferrari ainda não tenham passado por um teste semelhante, particularmente não creio que o nível de desgaste chegaria àquele ponto.

A título de curiosidade, em 2013, numa rápida e até certo ponto curiosa entrevista, o finlandês, que provavelmente é o piloto mais reservado do grid, classificou Alonso e Hamilton como “pilotos” e chamou Schumacher como “velhote”, porém, quando perguntado acerca do alemão, definiu-o como “amigo”. Para quem ainda não assistiu, segue abaixo o vídeo:

Ao que tudo indica, a Mercedes ainda continua com certa vantagem em relação às demais equipes. Entretanto, uma vez que o carro da Ferrari mostrou-se competitivo, um programa de desenvolvimento bem direcionado pode fazer com que a escuderia de Maranello brigue efetivamente pelo título. A dupla – e não apenas um piloto – seria beneficiada com as inovações trazidas ao longo da temporada.

Com a vantagem de ter ambos andando próximos, consegue-se algo fundamental na disputa dos dois campeonatos (construtores e pilotos). Um companheiro de equipe forte torna-se grande aliado ao tirar pontos dos verdadeiros rivais. Algo que não foi visto nestes últimos anos na equipe italiana…

11/04/15.