RBR e sua postura questionável!

Semana passada, particularmente, recebi a notícia da troca de pilotos entre a Red Bull Racing e Scuderia Toro Rosso com certa surpresa. Não só com a mudança em si, mas, principalmente, pelos motivos apresentados.

Segue abaixo o pronunciamento oficial da RBR feito por Christian Horner:

Max tem provado ser um excepcional jovem talento. Sua performance na Toro Rosso tem sido impressionante até aqui e nós estamos contentes em dar a ele uma oportunidade para guiar pela Red Bull Racing. Nós estamos em uma posição única de ter todos os quatro pilotos da Red Bull Racing e Toro Rosso sob contratos de longo prazo com a Red Bull, então temos flexibilidade de movê-los entre as equipes. Dany (Kvyat) poderá continuar seu desenvolvimento na Toro Rosso, em uma equipe que ele tem familiaridade, dando-lhe a chance de recuperar sua forma e mostrar seu potencial“.

Estamos partindo para a quinta de vinte e uma etapas do campeonato (GP da Espanha), portanto no início daquela que será a temporada mais longa a história da Fórmula 1. Verstappen, que de fato parece ter um grande talento, mas longe de ser um piloto pronto, teve belas performances ano passado. Todavia, não deixou de cometer alguns erros típicos de quem está iniciando e não controla seu ímpeto.

Kvyat dar lugar a Verstappen na RBR.

Kvyat dar lugar a Verstappen na RBR.

Por outro lado, Kvyat, apesar de não ter mostrado ainda sinais de genialidade, ano passado conseguiu ficar à frente de seu companheiro de equipe, o ótimo piloto Daniel Ricciardo, e esteve no último pódio conquistado pela RBR no GP da China, corrida que antecedeu à da Russia na temporada atual. Importante ressaltar que, em 2015, embora Ricciardo tenha abandonado em três corridas e Kvyat em duas, o russo sequer largou no grande GP da Austrália. Logo, tal fator não deve ser levado em consideração quanto à vitória interna de Kvyat naquele ano.

Ademais, os incidentes entre Kvyat e Vettel não podem ser justificativa para a mudança de pilotos. Se na China as reclamações do alemão foram infundadas, há consenso de que o piloto russo teve culpa apenas no primeiro toque, durante a largada no GP de Sochi, por mais absurda que a segunda colisão tenha parecido num primeiro momento…

Não sei quem é mais ingênuo. Aqueles que acreditam na justificativa da Red Bull ou a própria equipe ao achar que tais argumentos seriam tidos como verdadeiros. Como dito acima, embora tenha ficado surpreso com a postura da equipe austríaca, isso não deveria acontecer. Os torcedores – eu inclusive – são em sua maior parte movidos pela paixão. Todavia, a Fórmula 1 também é um negócio e o interesse financeiro certamente prevalecerá.

Kvyat, hoje, sem motivos para sorrir.

Kvyat, hoje, sem motivos para sorrir.

A manobra da Red Bull, como já é sabido por todos, foi apenas para blindar o promissor Verstappen dos assédios de Ferrari e Mercedes. Se as justificativas apresentadas pela RBR fossem verdadeiras, é válido questionar por qual razão o holandês não já iniciou a atual temporada como titular, pois nesta ainda não repetiu as performances que, em certos momentos, chegaram a encantar os telespectadores.

Não precisamos ir muito longe. Para quem não se recorda, na primeira corrida do ano, Max Verstappen também colidiu com seu companheiro de equipe Carlos Sainz Jr. Tal fato só demonstra que a justificativa da RBR é contraditória. Segue abaixo o vídeo do incidente:

Com o passar do tempo, percebe-se que os princípios e filosofia adotados pela Red Bull Racing não são tão diferentes das demais equipes da categoria. Há muita expectativa para o desenrolar da situação. Óbvio que Verstappen pode aproveitar muito bem a oportunidade concedida. Contudo, há também a possibilidade de um cenário em que Max, embora aparente ter um futuro promissor, cause incidentes e Kvyat apresente boas performances e recupere a suposta forma perdida, como argumentado pela RBR.

Caso a última hipótese se confirme, haverá uma nova troca? Creio que não. Lamentavelmente, transparência e coerência nunca foram o forte da Fórmula 1. Pergunte a Bernie…

09/05/16.

2 comentários

  1. Olá, Diego! Sua coluna é sempre bem vinda.

    Sobre o troca-troca, isso aí é uma excrescência!!! Isso é um ultraje.

    Não sabia que a ferrari ainda mandava tanto assim. Quer dizer que os carros vermelhos são intocáveis? Onde nós estamos? Na Nova Iorque dos anos 30?

    Rebaixar um piloto assim que ele comete um erro é de uma falta de tato, de uma covardia impressionante. Nem do Lauda eu esperava isso, quanto mais do Horner. A máscara dos touros foi definitivamente ao chão.

    E vou te falar uma coisa: Não acho que o Max seja o novo RAI, que tb chegou cru a F1.
    Acho o MAX tremendamente superestimado.

    Imagine esse rapaz, com essa moral toda, num carro que sabemos sofre dos freios em todo final de prova? Por mim, tudo bem, bate-bate sempre anima as corridas.

    A verdade é que temos no grid alguns meninos mimados.É o HAM que fica emburrado em segundo (espírito esportivo zero), é o MAX fazendo malcriação no rádio (como se o sangue quente Sainz fosse deixá-lo passar, francamente!)…

    Enquanto isso, dois grandes pilotos, dois clássicos, amargam o ostracismo vestindo luto. Triste fim.

    São tempos difíceis para este velho torcedor, Diego.

    Grande abraço

  2. Grande Áttila!

    Seus comentários é que são bem-vindos.

    Como tentei dizer, o incidente foi o pretexto que a Red Bull queria. Ferrari sondou e a RBR quer Verstappen. Se o holandês render tudo que esperam dele, nós seremos os felizardos.

    Concordo que foi de uma crueldade sem tamanho com Kvyat, mas essa é a F1. Aparentemente, apenas Button se pronunciou acerca do episódio, também repudiando a postura da RBR.

    São tempos difíceis para mim também, mas há esperança de dias melhores.

    Abração!

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